sexta-feira, 8 de abril de 2011

Outono II

"Onde queres revólver sou coqueiro"
(Caetano Veloso)
Uma face cruel da tragédia na escola de Realengo no Rio de Janeiro, que muitos interesses tentam esconder, precisa ser discutida. Falamos do fácil acesso a armas e munição no nosso país. Vamos refletir sobre informações veiculadas na imprensa sobre a indústria de armamentos na terra brasílis.
"Em 2009, a indústria bélica nacional atingiu o recorde do período, com a fabricação de 1,05 milhão de revólveres, pistolas e fuzis. Os dados foram divulgados pela Diretoria de Fiscalização de Produtos Controlados (DFPC) do Exército. 
(...)
A aprovação do estatuto  do desarmamento tornou mais rígidas as regras para a posse de arma de fogo por civis. Em 2004, a produção continuou baixa em relação aos anos anteriores, com 423 mil unidades fabricadas. Mas em 2005, após o referendo, a produção cresceu 27,4% em relação ao ano anterior - chegando a 539 mil armas fabricadas – e continuou crescendo em 2006 (721 mil), 2007 (917 mil) e 2008 (983 mil), até chegar a 1,05 milhão em 2009.
(...)
Em 2009, por exemplo, as indústrias exportaram 88,8% de sua produção."
(Portal Uol 11/07/2010)

"Hoje em território brasileiro existem cerca de 17,6 milhões de armas leves em circulação, 57% ilegais. A maioria é produzida dentro do país, que atualmente ocupa o posto de segundo maior fabricante de armas de pequeno porte no Ocidente.
Mas se os Estados Unidos são o maior comprador de armas brasileiras, a indústria também abastece o mercado interno. “As armas de fogo usadas pelo crime organizado brasileiro são, sobretudo, de fabricação nacional (...). A produção de armas leves no Brasil cresceu de forma exponencial nas mesmas décadas em que se verificou aumento progressivo da violência”, declara a pesquisa “Armas leves no Brasil: Produção, Comércio e Posse” (“Small Arms in Brazil: Production, Trade and Holdings”. em parceria pelo Instituto de Altos Estudos Internacionais em Genebra e as ONGs Small Arms Survey, Viva Rio e ISER (Instituto de Estudos da Religião)."
(Instituto Latino Americano das Nações Unidas para prevenção do delito e tratamento do delinqüente)
"O levantamento também desmonta argumentos do lobby das armas no Congresso Nacional - que busca por lei uma série de licenças para liberar o porte de armas para uma dezena de atividades. Grande parte dos armamentos usados por criminosos no Brasil para matar e ameaçar brasileiros é fabricada no próprio País e a indústria de armas leves "está em plena expansão".
As armas usadas no Brasil pelo crime são em sua maioria produzidas domesticamente, não importadas", alerta o levantamento internacional. A constatação dos especialistas, portanto, é de que a indústria nacional simplesmente não foi afetada pelo Estatuto do Desarmamento adotado em 2003 e continua vendendo, ao contrário da expectativa de até "ter de fechar", antes do "não" ao desarmamento. "A produção de armas leves no Brasil cresceu de forma exponencial na última década, na qual se identificou um aumento da violência", alertaram experts internacionais."
(O Estado de São Paulo 19/10/2010)
Diante de tudo isso, como podemos ter uma sociedade de paz se semeamos a guerra e a violência?! Sempre os defensores do belicismo dirão que o cidadão tem o direito de se defender, e infelizmente na maioria das vezes ter sua arma surrupiada e posteriormente aparecer nas mãos de potenciais assassinos. Eu particularmente não gosto de armas porque tenho absoluta convicção que não tenho vocação para ser assassino. Aliás que direito de defesa foi dado aos pequenos cidadãos brasileiros vítimas desse massacre? Armas alimentam lucros, mas propagam mortes, e seus fabricantes acreditam estar contribuindo para o bem da humanidade e talvez durmam o sono daqueles que acreditam não ter nada com todas as tragédias que envolvem armas.

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