domingo, 17 de abril de 2011

Domingo de Ramos

A igreja católica, neste domingo, celebra o "Domingo de Ramos", menção a entrada triunfal de Jesus Cristo em Jerusalém. Nesta próxima semana que costumamos chamar de Santa, encerra o período quaresmal, momento de jejum e penitência, mas essencialmente espiritualidade, onde necessariamente refletimos sobre os últimos momentos do Deus-Homem na Terra, seus propósitos e os desígnios de Deus para o  Cristo e todos nós que assumimos ser seus seguidores. Neste período a Igreja do Brasil, através da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), propõe em ecumenismo a realização da Campanha da Fraternidade, que procura envolver fiéis de vários credos em uma reflexão sobre assuntos de relevância, não apenas para os cristãos ou religiosos, mas para toda a humanidade. Excelente seria que o ecumenismo proposto, semeasse candura, e adentrasse nos corações endurecidos pelo fanatismo, blindados pelo fundamentalismo que se propaga alheio aos problemas socioambientais. Nesta semana ja é o momento de se constatar os gestos concretos, a materialização do resultado da ação daqueles que conseguiram enxergar os problemas, julgá-los à luz da palavra de Deus, e agir na direção das prováveis soluções. A temática deste ano envolve a problemática ambiental: "Fraternidade e vida no planeta" e o lema é: "A criação geme com dores de parto". A natureza é provavelmente a mais perfeita criação divina, e o homem, imagem e semelhança do Criador, teima em provocar desequilíbrios e desarmonia nos diversos ecossistemas do planeta, nossa morada maior, nosso endereço universal. Esta temática será sempre retomada neste espaço. Seria interessante aqui expressar um pouco minhas lembranças do período em que vivíamos as voltas com a militância no rito católico missionário, apostólico e progressista, que claramente fazia uma opção reveladora e comprometida com os pobres, nas Comunidades Eclesiais de Base, (CEBs), onde se partilhavam lutas, aprendizados, o pão e reflexões sobre a palavra de Deus, se reafirmava a real opção do Cristo pelos pobres e excluídos do seu tempo. Basta lembrarmos que o Maior de todos os homens veio "Para que todos tivessem vida em abundância" (Jo: 10,10.) e assim entendermos sua missão revolucionária. Lembro de um velho cidadão que dizia que muitos religiosos adoram benzer bancos, lojas, empresas, navios, enfim; porém detestam entrar na casa de um pobre. Grande foi o movimento repressivo às Comunidades Eclesiais de Base, que chegaram a ser chamadas até mesmo de Células Comunistas. Atualmente velhos comunistas defendem o capitalismo, até na sua forma mais primitiva ou selvageem, e os ritos foram aos poucos "amornando", desaquecendo. Cantar e bater as mãos é uma praxe que parece tentar se impor definitivamente, com as "cebrações shows",  que uniformizam celebrações de vários credos, talvez deixando os fiéis imersos no transe do descomprometimento e da alienação, muitas vezes presos aos fundamentalismos e distantes da realidade de dor e sofrimento que assola o mundo e incomoda o Cristo, Revolucionário e Libertador, que espera de seus seguidores tantos comprometimentos na sequência de seu projeto. Oxalá, minha leitura, se materialize no quadro das impressões, apenas. Mas, enquanto eu lembro saudosista, destes tempos em que estávamos ávidos para arrumar tudo, organizar e participar da celebração da vigília e do rito pascal, um dos mais belos da nossa igreja católica, depois de incontáveis encontros da Campanha, retiros, meditações, ensaios, cantos, etc. Quero reafirmar a absoluta e total confiança na minha Igreja, foi através do meu engajamento nas atividades católicas que abracei uma visão crítica da realidade e consegui ser aprovado nos concursos que eu fiz, entrar na faculdade, etc. Na minha humilde concepção, Deus me concedeu conquistas através do saber que adquirí vivenciando a prática de Agente de Pastoral, hoje minha comtemplação mística se realiza muito mais nas ruas onde balbucio minhas orações, ou na clausura do meu quarto, mas sei da necessidade de participar das celebrações em comunidade e alimentar a fé e a esperança na Igreja de Doroth, Romero, Ramim, Frei Tito, Josimo, Irmã Adelaide, entre tantos mártires e de tantos outros que testemunham sua fé com o ardor de um Casaldáliga, Erwin Krautler, Tomás Balduíno, Mauro Morelli e tantos outros como Antão, nosso guru de anos. Que a Páscoa seja a passagem real para uma nova vida em abundância para todos, inclusive para o planeta e que deixemos o Cristo habitar em nós. Shalom!

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