È impressionante como de uma hora para a outra, a grande mídia começa a dar vazão a conflituosa relação no espaço escolar, é como se a violência nas escolas tivesse começado agora. Sabemos que educação, nunca foi prioridade, por isso não raramente ouvimos a frase carregada de discriminação: "O professor finge que ensina", "O aluno finge que aprende", "O governo finge que paga", etc. É comum também sair e entrar governo e a mesma conversa de mais e melhor diálogo com as representações sindicais dos servidores públicos; depois é flagrante o desinteresse pela melhora da qualidade de trabalho, melhora dos salários. E assim continua a pressão sobre os profissionais educadores, que se submetem a uma carga horária estressante, para tentar dispor do mínimo necessário para sua família sobreviver. È lamentável que muitas vezes as tentativas de tentar explicar a violência que envolve os alunos se resuma ao espectro da desagregação familiar. A desagregação das famílias está associadas a exclusão social. Quem produziu o machismo, a irresponsabilidade pela paternidade, a banalização do sexo e o abandono de mães?! quem faz da violência e do sexo mercadorias sedutoras? E abandonou a maioria esmagadora da população ao mais absoluto abandono?! E a população continua imersa em cenários de pobreza econômica, nutricional e intelectual. Parece que o capitalismo "civilizou" a barbárie, exterminou valores e implantou a lei da selva em todos os lugares, seja a selva verde em que seus defensores, como Maria e José, tombam pelas balas da impunidade, ou a selva cinza, de cimento, onde o desejo em ter um tênis de "marca", o ingresso do baile, uns "baldes" de bebida ou um "naco " de droga ilícita, justificam assaltos, dor, desespero e mortes. A escola apenas reflete a sociedade, e somente agora alguns parecem despertar desse sono letárgico e cúmplice. E aí é muito fácil condenar o ECA, defender a diminuição da maioridade penal, como se não tivessem garotos de oito, nove, dez anos, disponíveis como exército de reserva de mão-de-obra da violência. Outro dia ouvia um pseudo "jornalista" chamar garotos de bandidinhos, uma pena que o mesmo não chame de bandidões os corruptos e corruptores que abundam em tantos lugares. Imagine que com o dinheiro desviado pela corrupção poderia-se construir mais e melhores escolas, hospitais, estradas, investir na agricultura familiar e nas cooperativas de trabalhadores para gerar renda, remunerar melhor os servidores públicos, implantar as escolas em tempo integral, preparar e melhor remunerar os policiais, desenvolver melhores programas de prevenção na área da segurança pública, enfim. Parece que a raiz de vários males da nossa sociedade, além da natureza excludente do capitalismo, é a peçonha da corrupção. E os verdadeiros bandidões estão por aí, incólumes, ávidos por uma boquinha, nos escalões mais altos. Enquanto isso, a insegurança ronda nossas casas, nossas ruas, nossas escolas e nos resta rezar todos os dias, lutar e resistir, alimentar a esperança nos dizeres de Chico Buarque "Amanhã vai ser outro dia" ou de Guilherme Arantes "Amanhã será um lindo dia".
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