sexta-feira, 6 de maio de 2011

A Divisão do Pará

Neste último dia o5 de abril a Câmara Federal aprovou a realização de plebiscito, para que a população paraense possa decidir sobre a divisão territorial do estado do Pará, e assim decidir sobre a criação, ou não, dos estados do Tapajós cujo centro político-administrativo seria Santarém, e o estado do Carajás com centro político-administrativo em Marabá. Após a definição da data do plebiscito, será destinado um período para as campanhas pró e contra tal divisão, e além de nos caber esperar, vale aqui tentarmos contribuir para tal discussão. È claro que se o conjunto da população paraense, sentisse seus anseios plenamente contemplados com políticas públicas que gerassem qualidade de vida, talvez o descontetamento não chegasse a tanto, porém há sempre os aproveitadores da boa fé alheia, lobos na pele de cordeiros, sedentos pelo poder. Em primeiro lugar é preciso desmistificar a idéia de que separatismo é sinônimo de prosperidade, que a situação de pobreza extrema e o abandono que nossas populações enfrentam está relacionada á distância dos centros políticos-administrativos. É claro que precisamos concordar que os governos são centralizadores, porém a situação socioeconômica de grande parte da nossa população é condizente com a realidade do sistema capitalista, que, no Tapajós, no Pará, no Brasil, em Nova Iorque, Nos EUA, enfim, é por natureza excludente e sempre vai estabelecer privilégios aos detentores do poder econômico, podemos constatar que, mesmo nas áreas que reclamam do abandono existem lá suas "elites", que visam, claro, com a defesa do separatismo, o total controle político-econômico da área em questão. Se não fosse assim, em Belém que é o centro político-administrativo do nosso estado, a maior metrópole da Amazônia brasileira, não testemunharíamos pessoas esperando no asfalto, após acidentes, horas para serem resgatadas, ou morrerem em filas nos hospitais. E a segurança?! E a educação?! E o saneamento?! e as outras políticas públicas como geração de emprego, renda, moradia digna, etc., que geram qualidade de vida?! Realidade que não é exclusiva do Pará, mas de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, etc. Portanto, me parece que a raiz dos problemas socioambientais, não está na distância dos centros de comando das políticas públicas, e sim na opção dos governantes, muitos deles preocupados em atender seus próprios interesses e os interesses das oligarquias que o elegeram. Daí ser o nepotismo, o fisiologismo, entre outras práticas, uma constante na maioria dos lugares deste país. Por isso nos cabe indagar a todos os políticos, favoráveis ou contra o separatismo, o que fizeram ou estão fazendo para melhorar a qualidade de vida da população mais pobre do estado, independente se estão no Tapajós, Xingu, Tocantins, ou Nordeste do Pará. A gente sempre ouviu a afirmação de que o Pará é uma das mais prósperas províncias minerais do planeta. E porque a grande maioria de sua população é tão pobre? O que será que os políticos estão fazendo para corrigir isso? Agora, não vale aquelas respostas tipo embromação, queremos gestos concretos, ações práticas. É muito difícil. Claro que por trás do discurso da divisão para melhorar a vida das passoas, está a sede por cargos públicos e seus gordos salários, novos deputados, senadores, prefeitos, secretários, vereadores, enfim. As tetas da União sempre serão generosas para atender a gastança. E o povo? Ora o povo, o povo é despolitizado, confunde "política" com eleição ou politicagem, desconhece programas e estatutos de partidos, vota pela cara do candidato, pela cor da bandeira que ele defende, esquece daquele que ele ajudou a eleger, ás vezes o eleitor nem sabe quem elegeu com o chamado voto da legenda, e em tantos lugares a população vive de esmolas, para pagar a farmácia, comprar o gás, comprar a cesta básica, etc. E os candidatos? Os candidatos continuarão sendo de sí mesmos, ou de uma meia dúzia que compõem a "elite" dos partidos, e administram a verba partidária, seus objetivos muitas vezes se resumem a avidez para assumirem a "caneta" que nomeia, demite ou dispensa e autoriza serviços para beneficiar além dos seus, este ou aquele que patrocinou a campanha. Mas, eu sinceramente acredito que não será sempre assim, um dia, antes de se escolher o candidato os segmentos sociais, principalmente os mais populares, constituirão um projeto que ouça toda a comunidade, por mais longínqua que ela esteja, seus anseios, necessidades e propostas; para depois se chegar á pessoa mais qualificada para administrar estados, municípios, distritos, secretarias, etc., de forma descentralizada, participativa e mais democrática possível. E com toda certeza a pessoa escolhida não será desses políticos profissionais que se eternizam no poder, de dezenas de mandatos. Aliás se temos um zoneamento ecológico e econômico, qual a dificuldade de discutir sua implementação e viabilização com as comunidades locais? Ou será que também neste caso, como em tantos outros, os interesses dos mais poderosos estão acima dos interesses dos empobrecidos? Na maioria das vezes constatamos que os serviços realizados não visam a melhoria das condições de vida das populações e sim, em primeiro lugar a geração de lucros para as empreiteiras, fornecedoras, etc. Enquanto perdurarem as práticas seculares da politicagem brasileira e a alienação da população, não é a divisão territorial que vai resolver os problemas socioambientais que enfrentamos. A mobilização e a busca por um nível melhor de informação, para nos politizarmos e reivindicarmos nossos direitos é um bom começo.   

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