É absolutamente indescritível a emoção de participar, desta que talvez seja a maior celebração religiosa de todo o planeta, e partilhar a sua riqueza de símbolos e significados, mergulhar nesse mar de gente, se deixar banhar nessa magia de fé, amor e esperança no novo, receber na face o sopro de Deus em rajadas de vento e bênçãos, testemunhar o sacrifício de tantos em suor e lágrimas, e o êxtase daqueles, que nas profundezas de seus corações acreditam estar o mais próximo possível do mais sagrado, do Criador. O mesmo que elegeu a Mulher Nazarena, cuja pequena imagem reverenciamos, para Mãe do Cristo Libertador. A Mãe que sofre, luta, conquista, abençôa e pede de forma singela nas Bodas de Canaã: "Façam o que Ele vos disser". Diante da grandeza deste evento, e do impacto causado pela energia da imagem na berlinda e do povo que a celebra em júbilo, parece que reconhecemos nossa pequenês diante da grandeza de Deus e deixamos que furtivamente uma lágrima se desprenda. Nossa humildade diante do Todo Poderoso é revelada na minúscula chuva que lacrimejamos. Infelizmente, muitas vezes deixamos que a nossa ânsia em pedir, ultrapasse nossa necessidade de agradecer. Quantos pecados não temos para confessar?! Quantos não estão apenas se aproveitando da boa fé do povo e expondo suas imagens e marcas, na vã intenção de multiplicar seus lucros e a exploração de tantos, com juros exorbitantes e preços de "ocasião". Quantos políticos estão realmente interessados em resolver os problemas do povo e promover "Vida em abundância"?! Deus e Nossa Senhora de Nazaré conhecem em profundidade o íntimo de todos nós e consequntemente nossos atos, práticas, omissões e intenções. Nenhum de nós Vos engana. Quem sabe a igreja não avança em uma leitura mais realista dos preceitos sagrados, e assim as comunidades cristãs, retomam o ponto de consolidação das Cebs, e faça o povo ver, julgar e agir, na real construção do projeto de Deus. Os pobres alimentam e sempre alimentarão essa esperança. Aliás, Nossa Senhora é contundente no Magnificat (Lc. I, 46-56). Parece que vivenciar a fé com esse ardor incomoda muito, e ainda hoje tantos que abraçam uma real opção preferencial pelos pobres se transformam em mártires do nosso tempo. Doroth Stang e um grande exemplo.
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