Geografia

Categorias Geográficas

01 - O Espaço geográfico

A Geografia é uma ciência social que tem como principal objetivação o estudo do Espaço Geográfico, ou seja a forma como a sociedade se espacializa. Ao longo da história, a sociedade foi aos poucos incorporando novas técnicas, e instrumentos tecnológicos para se apropriar da natureza, construir moradias, campos agrícolas, dutos, pontes, ferrovias, veículos, etc. A paisagem registra diferentes momentos da sociedade humana, em que a concepção diferenciada de materiais, ferramentas, apropriação do espaço, rural e urbano, valores culturais, entre outros elementos, definiram como diferentes modelos sociais organizaram seu espaço de vivência, constituindo assim o que chamamos de modos de produção.

Podemos considerar duas concepções dominantes de espaço. Ainda hoje entre alguns geógrafos predomina a noção de espaço absoluto, idéia presente na filosofia de Descartes (1596-1650) e Kant (1724-1804), e na física de Isaac Newton (1642-1726), segundo tal idéia, o espaço seria uma extensão absoluta que reúne todas as coisas do universo. Afirma-se então que o espaço é uma categoria preexistente, os elementos naturais ou culturais, apenas ocupam lugar no espaço, estão no espaço; o espaço seria o palco dos acontecimentos e das realizações humanas. Considerando esta noção, é impossível conceber a idéia de espaço (re)construído, (re)produzido e (re)ordenado. Daí a consideração e relevância que damos a idéia de espaço relativo, presente na filosofia de Leibniz (1646-1716) e na física de Einstein (1879-1955), nesta concepção o espaço é apresentado, não como uma extensão preexistente, e sim como resultado das coisas que o constituem, considera-se o valor de cada elemento, a partir da relação deste com os demais elementos constitutivos do espaço. Concluímos que a noção de  espaço relativo nos leva a compreender que os elementos humanos e naturais eles não estão no espaço, eles são espaço. A idéia de espaço relativo nos assegura que o espaço não é externo, ou palco, dos acontecimentos sociais, ele é um elemento constitutivo da sociedade, ou seja o espaço geográfico é um espaço com conteúdo social.  

02 - O Meio técnico-científico informacional

Porto de Santos

 A Revolução técnico-científica ou terceira revolução, otimizou profundamente a infraestrutura de transportes e de comunicações, proporcionando ao sistema produtivo global, a possibilidade de desenvolver um arranjo espacial com expressivo conteúdo técnico-científico. A expansão das redes que articulam diversos pontos do planeta, por onde circulam diversos fluxos de produtos materiais e imateriais, tais como matérias-primas, mercadorias, energia, informação e pessoas, induzem o espaço global a uma transformação, caracterizada pela presença de uma infinidade de objetos técnicos organizados em sistema, com alto teor de ciência e informação. Considerando esta tendência do espaço geográfico, é necessário salientar que os espaços globalizados são aqueles que oferecem fluidez, ou quantificação nas relações socioeconômicas. Aqueles espaços condenados ao ostracismo, sub-utilizados pelas grandes corporações, são excluídos do banquete da globalização. Outra constatação é que, tais espaços que oferecem quantidade nas relações socioeconômicas muitas vezes não permitem acessibilidade no quadro de tais relações, ou seja, poucas pessoas utilizam-se das redes e dos fluxos, o que nos faz concluir que não apesar de quantitativas, tais relações não são qualitativas.

03 - Técnica e Tecnologia

Os termos técnica e tecnologia, não raramente usados como sinônimos, não significam a mesma coisa. As técnicas são um saber fazer aprendido na prática e transmitido de geração à geração no interior da vida cotidiana. Por outro lado, a tradução literal dos termos gregos techné e logos sugere que tecnologia é o pensamento organizado sobre as técnicas. O historiador brasileiro das técnicas e das tecnologias Ruy Gama afirma que "a tecnologia é a sistematização científica dos conhecimentos relacionados às técnicas". A tecnologia, portanto, não deixa de ser técnica mas sua origem está intimamente ligada  à pesquisa científica. Ou seja, representa um saber vinculado à ciência moderna.

Bibliografia:

OLIVA, jaime e GIANSANTI, Roberto - Temas da Geografia do Brasil  -  Espaço e modernidade - Atual Editora. São Paulo. 1999.

04 - Divisão Internacional do Trabalho

"A Divisão Internacional do Trabalho é um conceito derivado da Divisão Social do Trabalho, pelo qual se desgna a especialização produtiva e o intercâmbio entre unidades econômicas, sejam estas empresas ou indivíduos"
(Paul Singer. "A Nova Divisão Internacional do Trabalho)
Com o processo de expansão do modo de produção capitalista, a partir do século XVI; em geral, as áreas que foram Colônias de Exploração, apoiadas no tripé: latifúndio, monocultura e mão-de-obra escrava, se especializaram em produzir matérias-primas que eram exportadas para as metrópoles, e importavam destas manufaturas. Ou seja enquanto as metrópoles se especializavam em produzir produtos mais elaborados, as Colônias de Exploração se especializavam em produzir produtos primários (do extrativismo e da agropecuária). 
Com o advento da Revolução Industrial, a DIT  do Colonialismo, foi substituída pela DIT do Imperialismo, nesta nova realidade apenas as manufaturas importadas pelas colônias foram substituídas por produtos industrializados. No atual contexto da Globalização da economia mundial, a DIT Clássica convive com a DIT da Nova Ordem Mundial.

A nova Divisão internacional do Trabalho é resultado do desenvolvimento industrial de países, antigos territórios onde prevaleceu a colonização de exploração, como o Brasil, por exemplo. Após estes países terem contraído uma enorme dívida externa, para construir a infraestrutura (redes de eletrificação, rodovias, portos, etc.) necessária para atrair as corporações estrangeiras, por sua vez interessadas na mão-de-obra barata e nas matérias-primas abundantes, estes países incorporaram a sua pauta de exportações produtos industrializados. Porém, muitos desses produtos foram desenvolvidos tecnologicamente no exterior, gerando royalties para os detentores de suas patentes. Portanto, no cenário da Globalização, os países subdesenvolvidos que se industrializaram, mercados emergentes, na terminologia usual atualmente, importam dos países desenvolvidos tecnologia, produtos industrializados, e capital (investimentos produtivos e especulativos), sendo o capital produtivo aquele investido na produção e o especulativo aquele investido no mercado financeiro. As exportações desses países envolvem, além de matérias-primas, produtos industrializados e capital, representados pelos lucros do capital especulativo e produtivo, juros da dívida externa, e royalties. Royalty é uma palavra de origem inglesa que se refere a uma importância cobrada pelo proprietário de uma patente de produto, processo de produção, marca, entre outros, ou pelo autor de uma obra, para permitir seu uso ou comercialização. Porém, nem todas as nações subdesenvolvidas se industrializaram, e a esmagadora maioria delas continua exportando produtos primários, juros da dívida externa, lucros dos grupos transnacionais extrativistas ou agropecuários, e importando produtos industrializados, realizando o que se convencionou chamar de DIT Clássica.

05 - Monopólio e Oligopólio

Chamamos de monopólio a situação de mercado em que uma única empresa ou país possui o poder de oferecer um certo serviço ou produto, determinando seu preço. Já a situação de oligopólio ocorre quando um grupo pequeno de empresas domina o mercado de um tipo de produto ou serviço. Algumas formas de oligopólio são os trustes, os cartéis e as holdings. 

• O truste é a junção de empresas do mesmo ramo (horizontal) ou de ramos diferentes (vertical, desde a matéria-prima até a venda) em uma organização empresarial com a finalidade de dominar o comércio de um produto ou serviço, eliminando a concorrência.
• No cartel um grupo de empresas independentes fazem acordo para dominar a oferta de um produto ou serviço, ou para defender interesses comuns em um setor. Podem estipular preços baixos para eliminar a concorrência, dominar o mercado e em seguida elevar os preços.
• Uma holding se configura quando uma grande organização ou empresa controla um grupo de empresas menores mediante a posse majoritária de suas ações. O objetivo é facilitar o domínio sobre determinado produto ou serviço.

Embora sejam ilegais os trustes e os cartéis são praticados. Os cartéis podem ser formados até por países.

 Bibliografia:

TERRA, Lygia, ARAÚJO, Regina e GUIMARÃES, Raul Borges. Estudos de Geografia Geral e do Brasil. Volume 1. Estudos de Globalização. Coleção Conexões. Editora Moderna. São Paulo. 2010.