Janeiro não é apenas, o mês em que temos que começar os pagamentos dos excessos cometidos, com todos os deveres e direitos, no crepúsculo de mais um ano que vai e com o alvorecer do ano que chega, aliás neste caso, o crepúsculo foi da década, enfim, Janeiro é o mês em que ocorre a culminância de afazeres no nosso cotidiano de educador, que necessariamente contribuiram para a ausência de tempo e disposição para fazer novas postagens. Mas, talvez organize minha equipe e apresente novidades, além de uma frequência maior de postagens. Muitos foram os assuntos que mereceram nossos comentários. Porém, não poderia deixar de iniciar nossas humildes análises este ano sem debruçar-me sobre o horizonte das catástrofes ocorridas com as chuvas de verão. È preciso percebermos que a grande mídia e suas preferências políticas, costuma atribuir os problemas causados, quando os gestores estadual, municipal, etc. são de sua simpatia, à Deus; e quando o gestor é do "outro lado", é eleito o responsável direto e vai para a guilhotina. Mas, é necessário discorrermos sobre os deslizamentos, enchentes, entre outras catástrofes que vitimam os empobrecidos. A falta de ações políticas eficazes, associado aos interesses mesquinhos de vários oportunistas encarece a construção de casas no país. Outro dia lia no blog do Mello, que pessoas vitimadas no morro do Buba, na verdade um aterro sanitário que não poderia ser ocupado, (assim como as encostas das elevações, várzeas ou igapós), ainda não tinham sido indenizados, remanejados e que muitos foram transferidos para locais longínquos com problemas de energia, abastecimento de água e transporte. Dava uma boa reportagem em horário nobre, investigar a situação das vítimas do ano passado, para acreditarmos que as providências não são apenas promessas. Na verdade o caos da periferia é o que sobra para o migrante, para os empobrecidos urbanos, para aqueles que pouca identidade têm com a cidade (o espaço da cidadania), e moram em áreas desprovidas de equipamentos urbanos. Vale salientar que é muito provável que em todas essas cidades, cenários das tragédias, devem ter espaços ociosos, sem função social, objetos de especulação imobiliária, aguardando a generosidade dos gestores públicos que supervalorizam os terrenos baldios. Uma outra face mutável do sistema habitacional é a ciranda de lucros gerados para imobiliárias, bancos, proprietários de terrenos, comércio e produtores de materiais de construção, construtoras, entre outros, que pegam uma boquinha nos projetos, assim casas populares não podem ser financiadas para quem tem renda menor que três salários mínimos. E quem recebe um ou dois salários?! E quem está desempregado?! Pra eles restam as palafitas, os barracos ou mesmo as marquises, pontes e viadutos, quando não aparece um governante que construa rampas com objetos pontiagudos, para evitar que pessoas se abriguem nesses locais. Forma interessante de acabar com moradores de rua. Acredito que a grande solução para esses problemas talvez seja o incentivo às cooperativas dos profissionais ociosos da área da construção, o Estado oferecer suporte técnico, isenções e incentivos fiscais para os materiais de construção, coisas que o empresariado adora. Melhorar as opções e o acesso à moradia é promover cidadania e diminuir a exclusão social. Uma grande reforma urbana é urgente e necessária, para que não haja a ocupação clandestina e esse tácito acordo entre poliqueiros e necessitados que invariavelmente termina em tragédia. Não poderíamos deixar de afirmar neste espaço que, se não for contido o êxodo rural, com uma efetiva reforma agrária, nenhuma política ou plano de dizimar os problemas urbanos será eficaz. Outro dia deparei-me com o argumento que a classe média costuma sugerir que retirem camelôs, drogados e mendigos das ruas, moradores das áreas impróprias para a habitação, sem terras das áreas de ocupação, entre outras coisas, mas não diz onde colocar tais pessoas, talvez exista um tapete mágico para varrer os problemas para baixo e sumir voando com eles. Ah! essa mesma classe média adora chamar os políticos de ladrões, quer pagar menos impostos e nem liga para a necessidade de otimizar o gasto público com melhores serviços.
Um abraço!
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