sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Temporal II

Temporal
(Otácio Ruy)

Eu sou o vento na rua deserta,
Aperta os olhos e vê;
Vazei o fogo do verão que chega
Ardendo em pródigo prazer.
E vago forte madrugada a dentro 
No epicentro da baía do Guajará.
Um olhar a fora é raso e frágil
Pra me alcançar em pleno vôo feliz.
Vejo um arco-íris no matiz do dia
Pela fotografia do meu filho,
E o brilho metálico do futuro
Nas mãos de operários alienígenas.
Mas, os indígenas são deuses
Diante dessa gama de burgueses.
Meu verso uma adaga cega e inofensiva.
E viva a alternativa sociedade viva.
E oxalá a verdade seja minha.
E a ladainha nua do neoliberalismo.
Tropece em seu cinismo deslavado.
No altar já profanado da esperança
Que nos sacrificaram as crianças.
Teu ouro um Zeus, um deus sem vida
Dá minimização à nossa lida.
Numa única saída eu digo não
Ao pão amargo, e vago de novo
Rezando na cartilha desse povo
Que sonha e constrói o dia seguinte
Pra finalmente a gente ser feliz.

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